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Expedito Eloísio Ximenes 
É mestre e doutor em Linguística e pós-doutor em Filologia Portuguesa e professor da UECE. Edita textos do período colonial e elementos linguísticos e históricos do Ceará Fundou e escreve poemas, tendo publicado dois livros de poesias.

VIDA EM TRANSE

Não me peça da vida a verdade,
Porque sei que ela não existe.
Não me peça a lucidez racional,
Enquanto o coração andar ferido.
Não me exigia o rosto alegre fingido
Quando tenho que ficar triste.
A vida parece mais uma tempestade,
Um rio comendo todos os limites
Do que um conceito bem definido.
A vida é antes um rebanho no cio
Um calor que tosta a superfície da pele
Ou um adormecer dos órgãos pelo frio.
Não me peça da vida o que ela não tem
Não me imponha a verdade que lhe convém.
A vida é antes de tudo um sopro rasteiro 
Um galho de bambu balançando ao vento 
Uma vespa devorando um formigueiro 
Tudo cumprindo apenas o seu tempo.
Um crustáceo fazendo morada na lama
O fogo lambendo em lascívia chama
O que na terra foi guardado em segredo.
O ente que faz da calçada sua morada
Porque perdeu o percurso de seu enredo
E não traz nos olhos a cobiça de mais nada 
A vida é o que espera em sua dor o amanhecer, 
E a certeza única de que tudo deixa de ser.

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